Belo Horizonte Lança o Projeto “Bares com Alma” para Valorizar Bares Históricos e Autênticos
Para comemorar os cinco anos do título de Cidade Criativa da Gastronomia, concedido pela Unesco em outubro de 2019, a Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Belotur, e em parceria com o Sebrae Minas, lança o projeto “Bares com Alma”. Esse mapeamento inédito inclui 30 bares icônicos de Belo Horizonte, valorizando a contribuição histórica e cultural desses estabelecimentos para a cidade.
Evento de Lançamento e Reconhecimento aos Bares Históricos
O lançamento acontece em um evento exclusivo para convidados nesta quarta-feira, dia 13, onde será apresentada a lista de bares selecionados, além do site oficial do projeto. Cada estabelecimento receberá uma placa de reconhecimento, destacando seu valor para a identidade de Belo Horizonte.
“Prosas de Balcão: Patrimônio e Autenticidade” – Um Evento Aberto ao Público
Na quinta-feira, 14 de novembro, o público terá a oportunidade de participar do evento “Prosas de Balcão: Patrimônio e Autenticidade”, que será realizado no Cine Santa Tereza a partir das 10h. Com entrada gratuita, o evento conta com uma programação de palestras e debates que exploram a história e a autenticidade dos bares de Belo Horizonte, abordando também temas como cultura alimentar afro-brasileira e o papel das mulheres na gastronomia.
Objetivo e Importância do Projeto “Bares com Alma”
De acordo com Bárbara Menucci, presidente da Belotur, o projeto “Bares com Alma” foi desenvolvido para valorizar e fortalecer os bares que moldaram a identidade cultural e social de Belo Horizonte. “Esses bares são pilares da cultura boêmia da cidade, preservando a autenticidade e contribuindo para a economia criativa e o desenvolvimento local”, afirma.
Inspiração Internacional e Seleção dos Bares
A primeira edição do projeto foi inspirada em iniciativas semelhantes em cidades como Buenos Aires, Santiago, Lisboa, Barcelona e Rio de Janeiro, que valorizam bares com história e autenticidade. Para a seleção dos 30 bares, um grupo multidisciplinar, incluindo representantes da Secretaria Municipal de Cultura, Sebrae Minas, CDL, Abrasel e jornalistas especializados, avaliou mais de 100 estabelecimentos.
O Que Define um “Bar com Alma”?
Um “Bar com Alma” é aquele que carrega décadas de história e tradição, oferecendo uma experiência única aos visitantes e mantendo características que representam a cultura e a gastronomia de Belo Horizonte. A seleção priorizou bares com pelo menos 30 anos de atividade e elementos que fazem parte do imaginário coletivo da cidade, incluindo a localização, história e a presença de figuras importantes para a comunidade.
Próximos Passos e Benefícios para a Comunidade
A partir dessa primeira fase, a Belotur e o Sebrae Minas pretendem expandir o projeto para criar uma rede colaborativa entre os bares históricos da cidade, incentivando políticas públicas e promovendo esses locais para moradores e turistas. Além disso, a iniciativa busca fortalecer o vínculo dos bares com suas comunidades, gerando impacto positivo na economia local e promovendo a gastronomia de Belo Horizonte como um atrativo turístico.
Conclusão
O projeto “Bares com Alma” reafirma o compromisso de Belo Horizonte em preservar sua rica tradição boêmia e gastronômica. Ao apoiar esses bares históricos, a cidade promove seu desenvolvimento econômico e cultural, reforçando sua posição como um destino gastronômico criativo e autêntico.
Confira a lista completa dos bares mapeados abaixo:
• Bar do Cacá – Rua Andiroba, 20 – São Paulo
Filhos de pai quilombola, do Açude de Santa Luzia, e mãe benzedeira e macumbeira, de Mercês, Nelson e Cacá tocam há 42 anos o hoje conhecido Bar do Cacá. Cacá mesmo, que agora dá nome ao bar, começou a trabalhar por ali em 1987, quando o local era apenas um botequim de bairro.
• Bola Bar – Rua Padre Eustáquio, 2512 – Padre Eustáquio
Fundado inicialmente como Bar e Mercearia Progresso na década de 1930 por Zé Delfino, dono do imóvel, o bar foi adquirido em 1972 por Ademir e Luizinho, ganhando o nome pelo qual é conhecido até hoje: Bola Bar.
• Café Palhares – Rua dos Tupinambás, 623 – Centro
Quem conhece ou quer conhecer mais sobre a cultura alimentar de Belo Horizonte, não poderá passar ileso do Kaol, a notória mistura entre “kachaça” (com k mesmo), arroz, ovo e linguiça – uma base única para uma diversidade de versões possíveis. Hoje a receita tem um marco claro na história. Foi criada na década de 1950 pelos mais ativos membros da família Ferreira, fundadores do Café Palhares.
• Geraldin da Cida – Rua Contria, 1459 – Grajaú
Com uma coleção de fotos e artigos em homenagem ao Roberto Carlos e uma cozinha aberta para apreciar o espetáculo gastronômico da dona do estabelecimento, o bar é um ponto de encontro para gerações da Regional Oeste. “Que Geraldin? Geraldin da Cida, uai!”. Desde 1981 no bairro Grajaú, O Geraldin da Cida é parte da vida e da história da região.
• Bar do Daniel – Praça 15 de Junho, 17 – Lagoinha
O Bar do Daniel é um testemunho da história da cidade. Fundado em 1968 por Antônio e Afonso, o bar começou como uma mercearia e, ao longo das décadas, evoluiu para um autêntico boteco de bairro, que preserva a essência familiar e o sabor caseiro que o tornaram um ponto de encontro essencial na região.
• Bar do Júnior – R. Ouro Fino, 452 – Cruzeiro
Em seu pequeno balcão Mercado Distrital do Cruzeiro, Júnior faz alguns dos tira-gostos e porções mais elogiadas da cidade. Conhecido somente por Júnior, ou pelo apelido de Cavalo, o dono do estabelecimento exercita uma tradição de família com duas gerações. Ele começou a frequentar o mercado ainda garoto, quando, depois da escola, levava o almoço para o pai, dono de uma loja de laticínios por ali. Quando se casou, surgiu a necessidade de ampliar a renda e o desejo de ter seu próprio negócio. E onde foi buscar solução? Ali mesmo no mercado! Começou a trabalhar em uma lanchonete como assistente da dona em 1985 e, pouco depois, comprou o ponto para fundar seu próprio bar, em 1988.
• Bar do Vale – Rua Grão Mogol, 426 – Carmo
Na esquina da movimentada rua Grão Mogol com rua Montes Claros, próximo à Av. Nossa Senhora do Carmo, no bairro Sion, Regional Centro-Sul, um imóvel salta aos olhos e nos transporta para a década de 1930, com sua faixada de época. Ali, seu balcão, suas banquetas e suas prateleiras de bebidas que chegam próximas ao teto da loja contam a história de tantos bares que passaram pelo imóvel e ajudaram a construir a história do bairro Sion e de Belo Horizonte. Já na fachada, lê-se o ano de 1931. Não se sabe ao certo, mas sócios e clientes consideram que essa é a data de construção do imóvel ou o ano de início das atividades dos bares, somando 93 anos de contribuições para a vida boêmia da capital dos bares.
• Bolão Santa Tereza – Praça Duque de Caxias, 288 – Santa Tereza
No coração de Santa Tereza, em Belo Horizonte, encontra-se um verdadeiro tesouro da gastronomia e da cultura local: o Bar do Bolão. Fundado em 1961 por Dona Maria e Seu Rocha, o bar começou como uma pequena venda de salgados e, ao longo dos anos, transformou-se em um clássico da boemia belorizontina. Um ponto de referência para moradores e visitantes da cidade, do estado e de todo o Brasil.
• Bar do Zezé – Rua Pinheiro Chagas, 406 – Barreiro
Criado como mercearia em 1979 por José Batista Martins, o Zezé, e seu irmão, que não ficou muito tempo na sociedade, temos aqui um clássico! Zezé veio aos 12 anos de São Domingos do Prata, Minas Gerais, para Belo Horizonte, em busca de trabalho e melhores condições de vida. À época, o Barreiro ainda conservava muitas das características da fazenda que o originou. Zezé trabalhou até os 15 anos no bar do cunhado e também na mais famosa das metalúrgicas da região. Em 1980, o bar mudou-se para o endereço atual e o irmão acabou saindo da sociedade.
• Bar do Orlando – Rua Alvinópolis, 460 – Santa Tereza
Em frente a uma praça e na esquina de uma rua sem saída no charmoso bairro de Santa Tereza, o Bar do Orlando se destaca como um ícone de resistência cultural e histórica. Fundado em 1919, o bar centenário é considerado o mais antigo da capital dos bares ainda em funcionamento. Inicialmente batizado de “Bar dos Pescadores”, o estabelecimento tem suas raízes profundamente ligadas ao antigo Rio Arrudas, que corria pela região, e era o ponto de encontro de pescadores que, além de comprar anzóis e varas ali, voltavam ao local para degustar um peixe frito recém-pescado, acompanhado de uma cachaça.
• Bar e Leiteria Casa Branca – Rua Casa Branca, 251 – Pompeia
Poucos bares nos permitem viajar no tempo como esta belíssima pérola da mina que é a Leiteria Casa Branca. De domingo a domingo, Seu Pedro, atual dono do local, está atrás daquele balcão desde 1986, já a partir das 7h da manhã recebe seus fiéis fregueses, alguns deles bisnetos dos originais frequentadores. Ali, o produto de maior rodagem é a cachaça, que é fornecida pelo mesmo fabricante de Alto Rio Doce há 40 anos.
• Cantina do Lucas – Av. Augusto de Lima, 233 – Loja 18 – Ed. Maletta – Centro
Fundada em 1962, a Cantina do Lucas nasceu no térreo do edifício, um ano após a inauguração, e logo se tornou um dos mais icônicos pontos de encontro da cidade. Originalmente aberta por um trio de italianos com o nome de Chopplândia, no ano seguinte a cantina foi vendida e passou a se chamar Trattoria di Saatore. Já no ano de 1966, o estabelecimento foi finalmente batizado como Cantina do Lucas, nome que segue firme até os dias de hoje. Tamanho é o valor cultural e histórico da Cantina que, em 1997, ela foi tombada como patrimônio cultural de Belo Horizonte, reconhecendo suas diversas contribuições para a cultura e identidade da cidade.
• Bar do Baiano – Rua Iara, 912 – Pompeia
Sem placa na porta e sem cardápio impresso, o Bar do Baiano preserva uma essência que só os mais tradicionais botecos conseguem manter. É na simplicidade que reside a alma desse lugar, onde os pedidos são anotados no clássico quadro de letrinhas e onde as regras de convivência são tão famosas quanto a cobiçada carne de sol. O sergipano e ex-açougueiro José Ferreira, carinhosamente apelidado de Baiano, chegou a Belo Horizonte em 1967, vindo da Bahia, e trouxe com ele a expertise em cortes de carne e a disposição de construir uma vida nova na capital dos bares. Foi no bairro Pompeia que Baiano cravou suas raízes e, ao lado da família, ganhou notoriedade por sua carne de sol, seu tempero apurado e, principalmente, pela gestão firme do negócio, repleta de regras no mínimo curiosas.
• Bar do Caixote – Rua Itaite, 249 – São Geraldo
Quando a história da família Rezende com mercearias e botequins começou, o bairro São Geraldo, na Regional Leste de Belo Horizonte, ainda nem tinha asfalto. Jorge Antônio de Rezende, conhecido como Seu Jorge, e seu irmão José Geraldo, hoje Zé Pomba, assumiram a mercearia do pai, e quando Jorge tinha apenas 19 anos, finalmente, encontrou sua vocação para lidar com o público no armazém da família. Inicialmente batizado com o nome de Dois Poderes (em homenagem ao Atlético e ao Cruzeiro, os dois maiores times de futebol do estado) e depois Três Poderes (incluindo o América, terceiro maior), o bar dos irmãos passou por vários nomes e alguns endereços dentro do São Geraldo, chegando a um imóvel cheio de personalidade na frente da casa de uma das irmãs de Jorge.
• Bar Zé Luiz – Avenida Olegário Maciel, 752 – Mercado Novo, Térreo, Loja 41/43 – Centro
Muitos dos que andam pelo Mercado Novo hoje sequer conhecem a feira livre que acontece todos os dias no seu andar térreo e que fornece alimento para muitos dos restaurantes das redondezas do centro da cidade. O espaço, originalmente construído para ser a garagem do prédio, foi o mais rapidamente ocupado depois do abandono da obra, ocasionado pela falência da construtora responsável pela execução. Nesse colosso modernista abandonado, projetado pelos arquitetos Fernando Graça e Sandoval Azevedo Filho e concebido nos anos 1960 para ser o maior mercado urbano da América Latina, todos os planos saíram do rumo. Mas a cultura popular e a força dos perseguidos feirantes da cidade deram sua resposta, ocupando a maior parte do prédio nos anos seguintes.
• Mercearia do Zé Totó – Rua Aporé, 500 – Aparecida
Há lugares que se tornam mais do que um ponto de comércio, eles se transformam em parte do imaginário popular, preservando histórias e conquistando gerações: eis o caso da Mercearia Zé Totó, localizada no bairro Aparecida, em Belo Horizonte. Fundada em 1943, a mercearia não é apenas um ponto de venda, mas um patrimônio histórico-cultural da região. “Vai no Zé Totó”, diz quem precisa de algo que não encontrou em outro lugar, “porque ali tem de tudo”. De corda de violão a rejunte de azulejo, o local já atendeu a uma infinidade de pedidos inusitados, sempre com a cordialidade que marca o atendimento há mais de 80 anos.
• Bar Opção – Rua Alabandina, 619 – Caiçaras
Um patrimônio do samba belo-horizontino, o Bar Opção atravessa gerações com o amor à música. Em 1983, no bairro Caiçara, o bar nasceu na casa de um catador de sucatas e sua família, e a vocação da reciclagem é espalhada pelo recinto, com itens como roda de bicicleta, carrancas e cadeira de dentista que retomam as origens. O fundador, Ronaldo “Coisa Nossa”, uma figura emblemática da velha guarda do samba, mantém no subsolo do bar um estúdio onde registra suas centenas de composições, tornando o lugar recheado de memórias. De lá para cá, o bar se consolidou como um dos redutos mais importantes da cidade para quem aprecia a música, a boa comida e a cultura afro-mineira.
• Bar do Tatu – Rua Des. Ribeiro da Luz, 135 – Barreiro
Desde 1977, o Bar do Tatu, o Rei do Angu à Baiana, se destaca no Barreiro como uma referência gastronômica e cultural pelas refeições memoráveis e o atendimento rápido. Fundado por João Maurício, carinhosamente conhecido como Tatu, o bar nasceu de uma paixão pela culinária tradicional mineira. Tatu criou especialidades que se tornaram a marca registrada do estabelecimento, o principal deles é o angu à baiana, uma criação de Tatu que combina angu com costela de boi, servido com temperos próprios que conquistam qualquer paladar.
• Bar do Nonô – Avenida Amazonas, 840 – Centro
Fundado em 1964, inicialmente na região do Barreiro, o bar mudou-se para seu atual endereço, no centro da cidade, quatro anos depois, em 68. Poucos bares refletem a alma do centro desta jovem cidade como o bom e velho Nonô, o Rei do Mocotó. Radicalmente dinâmico e democrático, o estabelecimento atende juízes e porteiros, malandros e policiais, pedintes e turistas, todos bebendo e comendo em pé, já que o clássico balcão do recinto nunca teve a companhia de bancos de qualquer tipo, privilegiando a rotação de clientes, como pede a dinâmica do centro da cidade. A experiência aqui é entrar por uma das duas portas do pequeno local (uma na Rua Tupis, outra na Avenida Amazonas) e pedir o clássico da casa, que se tornou um clássico da cidade: o caldo de mocotó, feito ali mesmo há décadas.
• Mercearia Zé Correia – Rua São Leopoldo, 100 – Cachoeirinha
Em meio a uma cidade que se pasteuriza a cada dia por influência dos shopping centers e grandes supermercados, uma mercearia no Santa Cruz resiste, preservando a cultura das pequenas mercearias de bairro. O que começou em 1963 como uma pequena venda com produtos simples, cresceu ao longo dos anos, mantendo o espírito de proximidade com a comunidade local. Hoje, a Mercearia Zé Correia é um ponto de referência para gerações de moradores, que encontram ali produtos de qualidade, como frios, queijos e até peixe fresco, além de notícias quentes e mornas da região alimentadas pelo entra e sai de clientes da vizinhança.
• Bar do Biluia – Rua Ninive 345 – Glória
Seu Biluia, originalmente José Lúcio de Oliveira, nasceu em Ouro Preto e veio para Belo Horizonte com 5 anos. Os pais, de Carmópolis, mudaram-se duas vezes à procura de melhores condições de vida para a família. Quando foram construir a própria casa, no bairro Glória, em BH, decidiram colocar um ponto comercial na parte de baixo do imóvel para melhorar a renda da aposentadoria. O primeiro inquilino não foi feliz na condução da mercearia e devolveu o ponto, e foi aí que Biluia, um dos 8 filhos do casal, com 30 anos de idade, decidiu assumir o ponto.
• Mercearia Pérola do Atlântico – Rua Iara, 300 – Pompeia
Uma raríssima e autentica mercearia de bairro é o que encontramos aqui, sobre a administração de Seu José Quintino de Souza, ou só Quintino, como é conhecido pelos fregueses e amigos. Ele nasceu praticamente dentro da mercearia da família, a Pérola do Atlântico, localizada na Rua Iara, nº 300, no coração comercial desse antigo bairro de operários.
• Bar do Toninho Árabe – Rua Níquel 246 – Serra
Em um discreto bar, numa tranquila rua do bairro Serra, está a estufa fria mais saborosa da cidade, referência em comida árabe em Belo Horizonte. Aberto em 1958, o Bar do Toninho é um estabelecimento que carrega a rica história e tradição síria, origem da família Auad. O bar, que está em sua terceira geração familiar, é atualmente gerido por Daniel, filho de Toninho. Inicialmente foi um armazém, mas logo se transformou em um dos pontos de encontro mais queridos da região.
• Bar da Lora – Mercado Central, loja 115 – Centro
Muitos moradores de Belo Horizonte concordariam que o Mercado Central, mais do que um clássico ponto de visitação, é um dos acontecimentos que melhor resumem o que é ser mineiro e belo-horizontino. Lá encontramos uma vitrine do que há de melhor em Minas Gerais, entre uma variedade estonteante de cachaças, queijos e cafés, dos mais longínquos locais do estado. Encontramos também uma bela e diversa expressão do povo da cidade, misturado aos visitantes de toda parte.
• Bar do Careca – Rua Simão Tamm, 395 – Cachoeirinha
Orcinio Gonçalves Ferreira, mais conhecido como Careca, é uma figura emblemática no cenário dos bares tradicionais de Belo Horizonte. Nascido em Patos de Minas, a terra do milho, no interior de Minas Gerais, passou a infância mexendo com gado junto ao seu pai, e essas memórias construíram sua forte ligação com a culinária. Com o tempo, seu repertório se expandiu, e hoje ele prepara de tudo, com um talento autodidata que impressiona: “eu não fiz nenhum curso de gastronomia, aprendi tudo na prática. E hoje, depois de tanto tempo, até já dei aulas”, conta. Em 1983, Careca abriu seu próprio bar.
• Taberna Baltazar – Rua Oriente, 571 – Serra
A Taberna Baltazar é um pedaço de Portugal em Belo Horizonte. A história da Taberna começa com dois adolescentes que vieram de Portugal, mas que ainda não se conheciam. A família Baltazar saiu do interior de Portugal e, em 1919, aos 13 anos, Aurélio Baltazar chegou à capital mineira para trabalhar na mercearia do primo, localizada na Rua Professor Estevão Pinto, no bairro Serra. Já em 1962, Tereza Caetano chegou a Belo Horizonte aos 14 anos. Os dois se conheceram em uma festa da comunidade portuguesa, se casaram e, com muito esforço, compraram a mercearia do primo de Aurélio.
• Antônio e Marcão Bar – Rua Carmo da Mata, 644 – Vera Cruz
Em uma esquina do Vera Cruz desde 1986, um bar que começou como uma mercearia e padaria transformou-se em um dos pontos centrais da vida no bairro. Fundado por Antônio Moreira da Silva e sua esposa, Leny de Souza, o local reflete a história dos comércios familiares de bairro. O casal vem de uma longa trajetória que incluía a gestão de uma mercearia e uma padaria, nas quais o grande destaque era o cuidado de Antônio pelos produtos que vendia, desde o armazenamento do feijão, manejando para que não desse caruncho, até a qualidade do bacalhau que vendia, refletida hoje no excelente bolinho de bacalhau feito no bar. O local se tornou um ponto de encontro do bairro, inclusive pelo fato de ter o único telefone da região, atraindo clientes para fazer ligações.
• Bar da Cida – Rua Numa Nogueira, 287 – Floramar
Fundado em 1989 no bairro Floramar, o Bar da Cida conquistou gerações, tornando-se um ponto de encontro para moradores locais e visitantes de toda a cidade. Desde sua inauguração, o bar cresceu em popularidade, em grande parte graças aos caldos que são servidos em dias mais frios. Caldos de feijão, mandioca e canjiquinha com costelinha são apenas algumas das iguarias que atraem filas de clientes dispostos a esperar mais de uma hora para provar as receitas da Cida. “O ambiente aqui é muito familiar, quem vem é freguês assíduo, veste a minha camisa comigo. Todo mundo que entra aqui, entra pra se sentir em casa”, conta Cida, reforçando o clima que envolve o local. E esse acolhimento não se limita ao serviço: ele transparece na forma como Cida e sua equipe preparam cada prato, sempre com muito carinho e atenção.
• Mercadinho Katanga – Rua Engenheiro Correia, 295 – Nova Floresta
Escondido em uma esquina aparentemente comum na Rua Engenheiro Correia, n° 295, no bairro Nova Floresta, o Mercadinho Katanga carrega décadas de memórias e tradição. Fundado em 1985 por Neivaldo, o bar tem suas raízes na boemia de Belo Horizonte e traz consigo uma história que começou muito antes, na cidade de Itabira, onde Neivaldo e seu irmão gêmeo, Nivaldo, enfrentaram a perda da mãe logo no nascimento. O pai dos gêmeos, ao encarar a situação de ter que criar mais de dez filhos, decidiu separar os irmãos recém-nascidos. Neivaldo foi criado por sua tia e Nivaldo, pela avó. Com o passar do tempo, os irmãos se reencontraram e vieram para Belo Horizonte para colocar em prática a tradição do comércio da família.
• Tonel de Pinga – Rua Sergipe, 129 – Funcionários
Considerado um último refúgio de uma Belo Horizonte ainda não engolida pela modernidade, o Tonel da Pinga realmente convida a entrar em um outro ritmo. O bar conta também a história da amizade de Derley e Márcio, que desde 1986 trabalhavam no bar Meadolandes, que funcionava no local. Em 1996, os amigos assumiram o ponto e o rebatizaram de Tonel da Pinga. Derley conta que o nome escolhido foi Barril de Pinga, porque achavam que o espaço lembrava um barril e o que queriam mesmo era vender cachaça. Mas, como o nome já estava registrado na Junta Comercial, recorreram ao sinônimo, tonel.