Modernos Eternos 2022 celebra a cultura de Belo Horizonte com exposição inédita.
Belo Horizonte é a grande inspiração para a Modernos Eternos 2022. Nesta edição, a mostra será realizada no coração do hipercentro da capital mineira: o prédio do P7 Criativo, em plena Praça Sete.
Primeiro arranha-céu modernista projetado por Oscar Niemeyer, o espaço foi completamente restaurado e vai abrigar o melhor da decoração contemporânea, além de atividades de arte, moda, história, gastronomia e entretenimento.
Um andar inteiro do prédio será dedicado à cultura de BH com a exposição “… na Cidade!”, que vai se debruçar sobre as histórias e lembranças de belo-horizontinos para evocar um estado de memória afetiva nos visitantes da Modernos Eternos.
Com curadoria de Fabiano Lopes de Paula, João Caixeta e Ângelo Pignataro, a pesquisa segue por três eixos principais, que assim como no centro, se misturam, combinam e confundem: A Cidade; Os Personagens; e As Artes, a Moda, o Design e a Comunicação.
“Em um lugar cujos bairros têm certo jeito de interior, é muito especial o costume dos belo-horizontinos de chamarem o centro de ‘cidade’. A referência popular carrega um conceito mais ampliado dessa palavra, que vem com a ideia do comércio, das relações financeiras e públicas, urbanização, progresso, e que se concentravam na região central de BH”, explica João Caixeta. Com projeto da arquiteta e designer Juliana Vasconcellos e expografia de João Caixeta, a mostra será composta por projeções, fotografias, obras de arte, mobiliários, peças de design, artefatos de propaganda, roupas de época e outros formatos diversos que ajudarão a dar vida às memórias da capital mineira.
A expografia foi pensada para ressaltar a arquitetura de Niemeyer, e dispor os elementos sem um esquema rígido de visitação, deixando o público livre para passear e descobrir as peças, a seu modo. O desenho do espaço, amplo e aberto pediu um projeto com poucas paredes, para que a imagem da rua que se vê pelas vidraças também compusesse a exposição. Peças de aço da Gerdau desenhadas por Juliana Vasconcellos fazem ressaltar as obras, em uma estética que conecta as histórias que cada uma conta à do próprio edifício, e ainda com os olhos voltados para o futuro da cidade.
A cultura de Belo Horizonte em exposição
“O início da conversa com o visitante é uma grande linha do tempo do comércio de BH, produzida pelo Ponto Cultural CDL. Entendemos esse aspecto como determinante e, ao mesmo tempo, muito influenciado nas dinâmicas sociais da cidade. Então, essa retrospectiva, que começa desde a fundação da capital, é essencial para entendermos as dinâmicas da cidade”, aponta o curador. A exposição também conta com cadeiras históricas que pertenceram a instituições emblemáticas da cidade – como o BEMGE e a Estação Ferroviária – que, com certeza despertarão memórias em quem frequentava esses lugares.
O público também poderá conferir uma ala dedicada ao Grupo Mineiro de Moda, com pesquisa e curadoria de Angélica Adverse, que conta a história da tradição do design mineiro, a partir dessa reunião de marcas e estilistas que marcaram os anos 1980 e 1990. Outro grande destaque é a presença da memória dos Diários Associados, que trouxeram uma série de objetos, histórias e momentos ímpares na comunicação mineira, além de projeções de vinhetas e propagandas da saudosa TV Itacolomi.
Mais um recorte importante é a presença do mineiro Amilcar de Castro, representando grandes artistas mineiros. Presente em obras públicas por toda a cidade de BH, em outros estados e até fora do Brasil, seu trabalho é muito conhecido, e estará presente em “… na Cidade!” com obras de certo aspecto inédito. Por exemplo, gravuras de menor tamanho e uma coleção de jóias assinada por Amilcar em parceria com o designer Angelo Pignataro.
Máquinas fotográficas estarão presentes em uma reverência aos profissionais que registravam pessoas pela cidade, com os famosos lambe-lambes, pertencentes ao acervo do Museu do Cotidiano – mUc. Além disso, também há uma seleção de fotógrafos contemporâneos, com apoio da Galeria Espaço Corda, para mostrar uma visão do presente da cidade. Com estéticas diferentes, cada um desses jovens artistas trouxe sua visão e poética da cidade.
“Há ainda o canto da Memória Olfativa, com uma vitrine de perfumes de várias épocas. A memória do olfato é uma das mais poderosas que temos e, com certeza, esta parte da exposição irá transportar muita gente por suas lembranças de fatos e pessoas especiais”, diz João Caixeta. E ele salienta também a importante presença de peças do Museu do Cotidiano – mUc, do objeteiro Antônio Carlos Figueiredo, responsável por vários itens de época essenciais para criar a experiência da exposição.
O resultado será um espaço polifônico que, mais do que contar a história de Belo Horizonte, vai apresentar e homenagear a cultura e o modo de vida de uma cidade que sempre foi celeiro de talentos em todas as áreas. “BH está mais viva do que nunca, e a riqueza de hoje é resultado das várias histórias e pessoas que passaram aqui. A Modernos Eternos vai homenagear isso tudo, celebrar a memória da cidade, ocupar o espaço, sempre com os olhos no futuro. Estamos preparando um presente bonito, que vai homenagear os belo-horizontinos”, finaliza João Caixeta.
“…na Cidade” em diálogo
A exposição “… na Cidade” também conta com uma programação especial de talks e mesas redondas com personalidades que fizeram trabalhos relevantes em prol da cultura mineira. “Buscamos resgatar nomes que andavam esquecidos nos círculos de discussão e na academia, mas que foram importantes para Belo Horizonte. Por exemplo, a pintora Zina Aita e o poeta Agenor Barbosa, os dois mineiros e que participaram da Semana de Arte Moderna de 1922”, explica o curador Fabiano Lopes de Paula.
De terça a domingo, em todos os dias de Modernos Eternos, sempre às 16h e 18h30, vai acontecer uma mesa especial. Entre os temas, estão o Modernismo em Minas Gerais, o papel do colecionador de arte, restauração, a cultura do kitsch, a sociedade mineira e a religiosidade, o centenário de Konstantin Christoff e Darcy Ribeiro, e muito mais. O visitante da Modernos Eternos pode participar dessas ações sem custo extra. Acesse o site da mostra para conferir a programação completa.
Os curadores
João Caixeta: Designer, Curador, Professor, Pesquisador. Diretor – Museu da Cadeira Brasileira – MuC. Cultura modernista brasileira em mobiliário. Consultor de projetos e desenvolvimento no restauro e identificação em acervos de patrimônio público e privado de objetos e móveis.
Fabiano Lopes de Paula: graduado em História, mestre em Arqueologia pela USP, doutor em Arqueologia pela Universidade de Trás-os-Montes- Alta Douro. Servidor do IEPHA-MG, ex servidor da Feam e ex Superintendente do IPHAN em Minas Gerais. Um dos autores do livro “Uma Tristeza Mineira Numa Capa de Garoa”.
Ângelo Pignataro: Designer, Designer de Jóias, Professor de Design, Museólogo, Curador, Artista Plástico premiado. Cenógrafo e figurinista. Responsável por montagens e expografia de vários Museus do Estado de Minas Gerais.